O diálogo terapêutico tem a intenção de permitir que o que não pôde ser expresso no passado, seja com um parente, com um chefe ou com qualquer pessoa, possa agora ser colocado para fora, liberando o que antes estava preso e não pôde ser solto.
Para o cérebro, falar de fato com a pessoa ou imaginar-se falando, são caminhos muito semelhantes. Por isso, ainda que a conversa real não seja possível — seja porque a pessoa já não está presente, ou porque o tema é delicado para ser abordado, ou por serem coisas do passado e não vale a pena entrar no assunto, pois poderia gerar novos conflitos —, o ato de “imaginar-se diante dessa pessoa” já traz em si bons resultados.
Esse diálogo terapêutico segue um processo semelhante ao da carta terapêutica, mas ele é um processo que funciona principalmente para aquelas pessoas que são mais auditivas e se sentem melhor ao falar e ouvir aquilo que precisavam expressar antes.
É um processo de liberação do negativo, e no fim, será transmutado com o positivo.
ENTRANDO MAIS NO PROCESSO
É importante estar em um ambiente acolhedor, e de preferência, que não tenha ninguém próximo. É normal criarmos resistência ao processo, pois nosso lado racional tenderá a pensar que isso é estranho ou ineficaz. Não deixe o seu lado racional impedir a execução deste processo. Por isso, estar em um local reservado para si pode ser importante, para não se preocupar com que os outros vão pensar.
Outras formas de entrar ainda mais no processo, é adicionando coisas que fazem referência àquela pessoa em que tal questão foi vivenciada. Estar em algum ambiente que desperte lembranças daquela pessoa, falar diante de um retrato, ou diante de um acessório que essa pessoa usava na época, também pode ser interessante para lhe fazer aprofundar cada vez mais na entrega deste ato, caso sinta que isso é interessante para você.
Lembre-se, mesmo que você compreenda agora como adulto que no passado, aquele que lhe impediu de falar, tinha os seus motivos, isso não significa que aquela criança dentro de você ainda esteja “sentida” pelo que ocorreu. Por isso, durante este ato simbólico, deixe entrar aos poucos a mesma mentalidade no período em que tal fato ocorreu. Se foi aos 5 anos de idade, se foi aos 10, 14 e etc. Deixe-se entrar nesta mentalidade — pelo menos por este momento — para que você possa de fato sentir que está soltando o que ficou preso na época. Primeiro faremos o desabafo, e depois, o perdão.
Sinta se há necessidade de falar em voz alta ou não, fica ao seu critério. Não precisa necessariamente gritar, mas o simples ato de falar e expressar, por si só, já é bastante positivo. Algumas pessoas possuem limitações para falar, — seja porque não encontram um local que consigam ficar completamente sozinhas, ou por outro motivo qualquer — então, pelo menos imaginar-se falando já será melhor do que não fazer. Imaginar-se falando internamente já pode ser bastante positivo.
INÍCIO
É interessante primeiro entrar em um processo de respiração profunda. Feche os olhos, busque acalmar a mente, e respire profundamente.
Lembre-se que é preciso focar nas necessidades que tivemos e que não foram expressas. Quanto mais específico, melhor. Quando se sabe a origem emocional por trás dos sintomas físicos, torna-se mais fácil.
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Exemplos do que pode ser expresso:
“Eu não gostava quando você me obrigava a fazer certas coisas. Nunca pude dizer o que eu precisava… precisei aceitar o que você queria e não pude fazer o que eu gostaria, nem falar sobre…”
“Precisei me submeter; eu me sentia criticado(a). Eu queria que você me elogiasse, e não apenas me criticasse; parecia que eu não servia para nada, não tinha valor…”
Depois de expressar o negativo, agora é preciso trazer à tona o positivo. Este passo é muito importante. Agradeça tudo o que aquela pessoa lhe trouxe, seja o suporte recebido, os momentos em que foi cuidado(a), a lição aprendida e que lição foi essa… Agradeça pelo que passou, a gratidão precisa ser real. Observando a situação agora como adulto.
Agradeça como adulto consciente. Coloque o agradecimento em palavras: “Me perdoe, caso eu tenha feito algo. Eu te perdoo, caso você tenha feito algo…”
Perdoar talvez não significa que você vá esquecer, mas que possa ao menos tirar o peso daquela situação que aconteceu como aconteceu. É como se você pudesse, finalmente, finalizar este processo.
“… Por fim, eu agradeço. Que Deus nos abençoe e sigamos em paz. Obrigado(a).“
Depois de agradecer e ressignificar, você pode levar o agradecimento a essa pessoa. A sua forma de ver e até de se expressar com ela tende a mudar. Insistir nas antigas necessidades nem sempre vale a pena, porque, às vezes, isso pode causar um mal-entendido por parte da outra pessoa.
E assim, é finalizado esse processo de uma forma que busca deixar esse passado para trás e permitir viver um pouco melhor o dia de hoje.
Fica a cada um determinar a melhor forma, seja por escrita, pela fala… ou até mesmo pelas duas opções. É possível, primeiramente, escrever tudo o que gostaria de verbalizar, pois a escrita ajudará você, com mais calma, a se conectar com as palavras que acredita que deve usar, enquanto nem tudo ainda está na ponta da língua para ser dito. E depois que você escreve a carta, fica a seu critério ler em voz alta.
Mas lembre-se, para o processo estar completo, é preciso agradecer no final, após todo o desabafo. Agradecer, e buscar perdoar (dentro do seu limite) tudo o que ocorreu no passado. Talvez não perdoemos 100%, mas com certeza, ressignificaremos boa parte daquilo que ficou preso em nós.
